sábado, 7 de abril de 2012

A pátria feita cinzas



Há uns dias, as chamas dum incêndio intencionado devorarom um dos espaços naturais mais antigos e melhor conservados de Europa. 2000 das 9000 hectares do "Parque Natural" e "Lar de Importancia Comunitária"-uns títulos que puoco servirom para a sua salvaguarda- das Fragas do Eume forom calcinadas por este criminal atentado contra o nosso património. Fragas de Eume eram ontem um pequeno paraiso alonjado do ruido e a suciedade da sociedade moderna, que albergava milheiros de exemplares de carvalhos, ameneiros, choupos, bétulas, castinheiras e felgos, assim como gatos-bravos, raposos, algárias e martas. Milheiros de hectares de superfície de lagos e vales onde se atopava um dos bosques atlânticos melhor conservados da nossa Europa, um lar em definitiva que tinha cambiado bem pouco dende o Neolítico, e que foi testemunha da nossa história e dos avatares de muitas geraçons de galaicos, salva-guardando no seu interior a memória passada e espiritual dos nossos antergos e oturas ricas expressons do nosso património artístico como cruzeiros, pontes, santuários e dos milenários mosteiros como Caaveiro e Monfero.

Umha parte desta preciosa zona já desapareceu, e o resto atopa-se em grave perigo. Sórdidas intenços especulativas de interese económico adivinham-se como em tantas outras agressons à nossa castigada pátria, detrás deste atentado. Por isso é necessário sinalar que um povo que permite que lhe roubem e destruam o seu património, o seu habitat e com isso a sua memória e raizes atopa-se na antessala de perder também a sua essência, a sua dignidade e razom de ser.

Um primeiro elemento a termos em conta no caso das fragas do Eume é que o incêndio parece ter-se originado na zona da Capela onde está projetada a exploraçom mineira de andaluzita do Pico Velho, contra o critério dos movimentos sociais que tenhem feito umha intensa campanha contra essa possibilidade, em funçom da riqueza natural da zona. Com a floresta autóctone calcinada, os planos de espólio natural tenhem mais fácil concreçom.

Por isso sinalamos àss autoridades galegas e estatais como responsábeis indireitas deste desastre com a complicidade de todos aqueles que lhes derom a sua confiança nas urnas. A política forestal e de defesa da natureza devem ser umha prioridade para qualquer autoridade política, e este como todos os demais incêndios que assolam a península ibérica, som froito dumhas medidas completamente insuficientes assim como da ausência de medidas punitivas contra os responsábeis direitos deste terrível terrorismo.

A regeneraçom do bosque das Fragas do Eume podem custar séculos, e grande parte das suas perdas som insustituíbeis. Os efeitos sobor o méio ambente e a vida seram terríbeis, e a perda cultural e espiritual inqualificável. Por isso as medidas de protecçom da nossa natureza assim como dumha legislaçom de castigo para os responsábeis dos incêndios devem renovar-se à magnitude deste tipo de terrorismo; a pena de morte pedimos sem miramentos.

Os incêndios e agressons conscientes contra a nossa pátria e a natureza podem ser calificados como terrorismo, precisamente porque é um dos piores terrorismos, a pesares da indiferença com a que se trata dende as oligarquias que nos governam.

Atentar contra o méio natural é atentar contra a nossa comunidade popular e contra a vida no seu conjunto. Um dano que inevitabelmente perdurará durante muitas geraçons.
O nosso dever como galaicos e europeus é criar e apoiar alternativas políticas que fagam fronte à oligarquia e a casta política que permitiu que a nossa pátria esteja-se a converter em cinzas e à vez luitem para a sua conservaçom e restituçom. Gallecia e Europa devem viver.


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