quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Gallaecia sem Galaicos




Aqui também havia "máfias" e "efeito chamada"

É terrível ver aos emigrantes que venhem morrer diante da nossa porta mediática mentres ignoramos os milheiros deles que morrem de fame e enfermidades nos seus países. Falamos de "máfias" e mais do "efeito chamada", quando a nossa própria história, aí atrás, a volta do século passado, podia-nos explicar, se quixése-mos, muitas cousas.

Na galiza a emigraçom foi além mar. Só aqueles que podiam pagar a pasagem, bem com dinheiro das suas famílias, bem pedindo-lhe o dinheiro a amigos ou conhecidos, com a promesa de mandar-lhos de volta, bem empenhando as terras num banco, podiam emigrar.

Os pobres de verdade tiverom que aguardar até que foi posível emigrar ao resto de Europa ou a outras cidades do Estado. Temos assim que os mapas da emigraçom na Galiza variam considerabelmente ao longo do século XX.

Nom é casualidade que, no primeiro terço dos anos novecentos, os partidos judiciais que mais emigrantes mandarom cara América fosem Betanços e Chantada. Ambos estavam muito por cima da média de riqueza galega. Tanto que contavam cumha pujante banda local, a Echevarria e a de Soto, respectivamente. Os empréstimos destas bancas eram os que lhes permitiriam a muitos emigrar, empenhando as terras.

Encargabam-se de mercar a maleta, pasagem, viagem ao porto, comida e aluguer até que marcha-se o barco. Sobre duas mil pesetas nos anos vinte desde Chantada.

Nos anos cinquenta e sesenta, a emigraçom concentrou-se, sobre tudo, nos concelhos mais pobres, maiormente nas montanhas de Ourense e Lugo, que, tradicionalmente ja emigravam temporalmente a Castilla.

Efeito chamada

Fala-se agora das "máfias" africanas, algumhas em conexom com as "ibéricas", que som as que arranxam e incentivam a emigraçom ilegal. Esquecem que a banca galega medrou quase exclusivamente a começos do século XX graças a prestar-lhes o dinheiro aos emigrantes e, mais tarde, com as remesas de divisas que estes enviavam. Desde o Banco Pastor ao Banco Echevarria, o de Soto, o de Vigo, o de Crunha... Mais tarde as caixas de aforro que investiam este dinheiro em industrias e negócios de Euzkalerria e Catalunya. Os nossos trabalhadores iam detrás do dinheiro dos seus vizinhos.

Outras muitas famílias, consignatarias de buques ou prestamistas (ponhiam o dinheiro das leiras que aqui vendiam na emigraçom, mercavam aqui as leiras e traiam o dinheiro de fora sem passar por alfándegas e bancos...), amasarom também inmensas fortunas com o negócio da emigraçom. Nom há mais que olhar o ensanche vigués para comprovar o negócio e as fortunas, algumhas começadas como fundas ou casas de comidas. Os seus descendentes falam agora de "máfias".

Para acentuar ese "efeito chamada", criarom-se meios de comunicaçom ao efeto que gabavam a oportunidade de abrirse caminho e fazer-se ricos nos paises americanos. Assim funda-se Faro de Vigo. La voz de Galicia quando passou a ser sociedade anónima deu um giro editorial e começou a pular também pola emigraçom como panacea para Galiza.

Os outros jornais que forom saindo a rua seguirom mais ou menos idéntica linha editorial de apoio a emigraçom, em consonáncia com os intereses dos seus donos. Só A Nosa Terra e alguns voceiros locais forom críticos com esta política incentivadora da emigraçom.

Muito ao contrário do que ocorria polas mesmas datas na península itálica e nas ilhas mediterráneas, onde se produzia um auténtico debate sobre o feito em si da emigraçom: era negativo ou beneficioso para o país. Mas os jornais que estavam em contra da emigraçom também alertavam das dificultades que se iam atopar ao chegar a Argentina ou aos EEUU. Citavam casos de emigrantes que o estavam a passar mal e ainda faziam ver os perigos da travesia oceánica.

As mortes na mar

Certamente que os nossos emigrantes nom iam em pateiras ou caiucos, senom em buques da carga preparados para levar gente, ou em transatlánticos com ínfimas condiçons. As travesias de mais de quince dias eram penosas nos solhados de terceira, polo amoreamento, as malas condiçons higiéncias, a pouca água e comida e ao nom estar afeitos a viaxar pola mar. Tudo isto agravado por umha situaçom mental que os conduzia à depresom que muitos confundirom com a morrinha.

Segundo alguns autores, com dados nom bem difundidos ainda, as mortes de galegos na viagem ou nos primeiros dias no novo destino superavam o 20%. Um número maior, fam ver, que o dos escravos, pois essa mercadoria tinha dono e valia dinheiro, mentres que a mao de obra galega saia debalde.

Olhamos assim como o número de mortes dos galegos era ainda maior que o dos imigrantes actuais que se disponhem a conquistar a nossa Europa.

E aqui também habia picaresca. Nom todos iam legais. Seguiam a marchar cara a paises que fechavam as suas portas à emigraçom por mor das crises mais ou menos pontoais. Existirom emigrantes que marcharom a Venezuela em pesqueiros. Alguns nom chegarom. Outros sim, como se recordam ja nalgumha placa conmemorativa.

Outros nem sequera chegarom a alta mar. Forom enganados. Saiam à nuite do porto vigués. Davam voltas sem afastarse muito das Cies e eram abandonados nestas ilhas ou, algumha nuite na ilha de Sam Simom.

Nom sabiam os nossos emigrantes ao que se expunham daquelas. Nom. Desconheciam o perigo. Aos cánticos de serea dos meios de comunicaçom e do próprio governo alentando a emigraçom, habia que unir-lhe o efeito chamada dos familiares e vizinhos que se asentavam noutros países.

Se olhamos as cartas que mandavam, podemos comprovar que nunca falavam das penalidades ou minguábanas consideravelmente nos seus relatos. Por raçons óbvias. Nom queriam intranquilizar os seus familiares e amigos e tampouco dar a ideia de fracasados.

Os que vinham de vacaçons espalhavam a propaganda de emigraçom igual a progreso. Eram os que podiam vir. Os outros nom vinham. Alguns nem sequera escribiam. Dos mortos nom havia novas... Até que nunca aparecia o dinheiro para pagar a pasagem ou redimir os foros pero si os bancos que se faziam com as terras.

Mas das misérias a penalidades ninguem se lembra. A versom oficial, ainda instaurada, fala de que os galegos emigrarom por afám de aventura e se fizerom ricos vivendo muito melhor que aqui. E também o que contam os que podem contâ-lo.

É o que lhes está a passar agora a muitos subsaharians. Hoje em dia vende-os o mesmo, tanto no nosso estado como no dos imigrantes, a soluçom nom é apoiar a imigraçom e emigraçom e a perda da identidade das naçons , se nom lutar contra as máfias e caciques dos estados em questom.

GALLAECIA SEM GALAICOS

Com esta introduçom queremos denunciar o desequilíbrio dentro do Estado, entre as diferentes CC.AA do estado, que longe de ser salientado, cada dia agrava-se mais e mais, sem agravar-se as grandes diferenças que cada vez percebem-se de maneira mais nítida.

As diferenças entre a “Iberia atlânto-cantábrica” e a “Iberia mediterrânea”, nom só é circunscrita à paisagem e ao paisanagem. A alguns “marxista-liberal” deviase-lhes cair a cara de vergonha nas suas reivindicaçons fronte a comunidades mais pobres, com maiores “dévedas históricas”, quando graças a elas, bem por importaçom de mam de trabalho galega, astur, castellana do sul etc., bem por incentivos às burguesias locais, fomentou-se em tempos do denostado Sefardi Franco os plans de desenrolo na década dos anos 60. Por ponher um exemplo, a indústria textil em Catalunya. E a ninguem se lhe escapa que a “produçom textil incentivada” de Catalunya na época franquista, cambiou as suas factorias por outros lares de produçom. Polo contrário, Inditex, com o seu buque insígnia, a multinacional Zara, nasceu na Galiza, benefício à ideia dumhas poucas pessoas e graças ao trabalho -“como chinos”- de muitas cooperativas de mulheres galegas e do norte de Portugal (Gallaecia Sul). E nom tivo o grandiloquo apoio dos plans de desenrolo do franquismo, nem do felipismo, nem do aznarismo, a diferença das burguesias catalana ou basca.

Entom atopamo-nos cum estado espanhol cum eixo claramente orientado com o seu peso cara o Este do estado, onde a Iberia mediterrânea foi objectivo preferente já dende tempos do Antergo Regime, fronte à Iberia atlanto-cantábrica, agás a excepçom do caso Bascom.

A ninguem se lhe escapa, que o problema “grosso” actual da imigraçom, concentra-se claramente nesse denominado eixo centro-este, a Iberia mediterrânea que vai desde o Barcelona, València e Murcia, até Madrid, passando por Euskadi e Nafarroa. Na economia de mercado, lógicamente o maior desenrolo e maior crescimento económico, maior fluxo de imigrantes na procura de oportunidades.

Mentres , as zonas do noroeste ibérico, como Gallaecia (Galiza, Asturies, Llión ou Zamora), que venhem sufrindo umha devaluaçom planejada desde ministerios centrais das suas autárquicas economias, recebem com a entrada na UE em 1982 enormes recurtes dos seus tezidos produtivos, dando-lhes à sua definitiva pancada.

A crise da mineira asturiana e leonesa, os recurtes da frota pesqueira galega assim como o feche dos asteleiros, a imposibilidade de produçom da asfixiante quota láctea para os pequenos e medianos gandeiros, derom como resultado que a povoaçom activa do seitor rural paulatinamente fosse mermando e marchando às urbes, cumha conseguinte perda demográfica alarmante. Nalguns povos, pessoas em idade de trabalhar, vive das pre-jubilaçons (mineira astur-leonesa). Noutros, só ficam os maiores ao coidado das suas casas e as suas terras. Os jovens tenhem que emigrar a outras zonas do estado. Em Asturies ou Galiza a sangría já se vinha produzindo desde princípios e meiados do século XIX e prolongando-se durante todo o XX. Semelha que no seculo XXI, com a progressom aritmética que levamos, nom só o oso pardo ou o lobo estaram em perigo, cecais os galaicos seram “espécie em perigo de extinçom”.

Cecais soe a alarmismo o a catástrofe, mas os dados, as cifras e as prediçons nom as inventa quem isto escreve. Som os dados oficiais e nom agochados, recolhidos de organismos oficiais e publicados na prensa. Semelha que nom preocupam em excesso aos nossos políticos, sejam do PSOE como um Touriño o Areces, como tampouco semelha que preocuparom em excesso aos do PP, como a um Manuel Fraga, porque a dia de hoje o problema segue sem soluçom, sem incentivos nem nada que se lhe asemelhe. Ao sumo mendos de “cheques-bebé”, autênticos sucedâneos dumha política real a favor do aumento da natalidade. Semelha que há medo ao incentivo e fomento da natalidade, a umha protecçom real da família. Medidas reais existem em diversos países da Comunidade Europeia, (Irlanda, Suecia, Finlandia, por exemplo) autênticamente progressistas. Onde está a conciliaçom da vida laboral e familiar dos pais, ajudas em tramos de idade, etc.? Para alguns desses privilegiados que como deziamos antes, “almorçam dos vezes ao dia"?. É precisa a justa causa da conservaçom da povoaçom autóctona na nossa terra de origem. É o que necessitamos na Gallaecia Norte, de maneira urgente e iminente. O nosso maior capital som as nossas gentes, os nossos filhos, que queremos recebam a sabia herdança ancestral dos seus avós.

Os nossos antergos fizerom este país. Os galaicos, que trabalharom na sua terra e os que sairom das suas aldeias para melhorar as suas condiçons de vida, reinvirtirom novamente a sua prosperidade entre os seus, sem necessidade de ajudas dos de fora.

Lia-mos no “La Voz de Asturias”: No caso do Principau d´Asturies, a alerta demográfica nom é nengumha novidade e tampouco o é que o Principado registre a taxa de natalidade mais baixa de todo o estado, mas as projeçons e estimaçons do Instituto "Nacional" de Estadística (INE) començam a arroxar outras explicaçons para a sostida perda de povoaçom que todos vaticinam para a regiom. As estimaçons de povoaçom actual realizadas polo INE para o período 2002 ao 2007 reflexam que no derradeiro ano 5.215 jovens de 20 a 30 anos marcharo-se do Principado. As projecçons sobre índices da natalidade ratificam ao Principado como a comunidade com a taxa de nascimentos mais baixa de todo o país (0,97 filhos) e ademais situa às asturianas dentro das nais mais tardias porque a media de idade para dar a luz ao seu primero filho situa-se em 31,46 anos.

Também apareceu a nova, de características análogas, no diário “La Voz de Galicia” (23.04.07). Podiamos ler que na derradeira década, a povoaçom galega só aumentou em 29.211 habitantes, passando dos 2.742.622 censados em 1996, aos 2.772.533 recolhidos em Padróm do Instituto "Nacional" de Estadística (INE) a 1 de Janeiro de 2007. E se a isso descontamos a afluência de imigrantes tanto na Galiza como a Asturies, diremos que o nosso crecimento é deficitário. Se os nossos jovens emigram a outras zonas da península ou da UE, e em falsa compensaçom, é dizer, em detrimento dos galaicos, recebemos imigrantes, semelha que os nossos políticos querem desviar a nossa atençom tirando da chisteira que a nossa demografia nom é tema em excesso preocupante. A imigraçom para eles é a soluçom. E nada mais falso e longe da realidade. As soluçons a esta crise demográfica passam por vários factores, complexos desde logo, mas em absoluto irrealizábeis. Falta sobre tudo vontade política de incentivo empresarial tanto no eido rural, como no industrial. Falta o fazer justiça cumhas comunidades agraviadas com a entrada na UE, com o seu tezido produtivo desestruturado polas políticas de curto alcance e eleitoralismo galopante. Falta a revitalizaçom do eido rural, com quotas lácteas injustas. Lembremos que mentres que a gandeiros galaicos, nom se lhes deixa produzir leite, ficamos obrigados a comprar excedentes do Esdado Francês, Dinamarca ou o Estado Holandês. Entom que é o que fica à povoaçom rural do norte? Se abandonam as terras e nom produzem, se nom se pode produzir qualidade e competir com o nosso eido gandeiro? Qual é o futuro do tezido social do rural? Simplesmente o turismo do silêncio e natureza, o turismo rural?

“Galicia y Asturias organizan un frente común de autonomías envejecidas”. Baixo este título "espectacular e propagandístico" como é costume, lia-mos no diario “El País” (20.04.08) que dado o carácter de comunidades envelhecidas, dispersas e orograficamente complicadas, os presidentes autonómicos Emilio Pérez Touriño e Vicente Álvarez Areces, reunirom-se. Para que era a reuniom que dizia o titular de “El País”? Reunierom-se para ver como vai a autovia trans-cantábrica, para concretar e impulsar a Reserva da Biosfera de Terras de Buróm-Oscos-Eo. Mas nem rastro de abordar o problema do envelhecimento, da crise demográfica. Nom se molharom em criticar aos seus companheiros de partido. Isso sim, sesmelha que comerom a bom mantel no Hostal dos Reis Católicos em Compostela. E nom sabemos se almorçarom duas vezes.

Na actualidade galega com o PP de Feijo mais do mesmo, pois incrementou da aportaçom de fundos públicos do governo da Junta da Galiza em plena crise capitalista com 1.300 000 euros em apoiar aos imigrantes no canto de apoiar aos galegos e fomentar o emprego e natalidade na Galiza. Outra clara política anti-galaica.

FRONTE À POLITIQUEIRA! O SANGUE!

GALLAECIA AOS GALAICOS!