terça-feira, 18 de setembro de 2012

A tradiçom vista do Nacional-Socialismo (I)

POR QUE FALAMOS DA TRADIÇOM?

O pensamento Tradicional, com maiúsculo, foi sempre especialmente rico em ideias e pobre em factos, de forma que é mais doado atopar textos que exemplos, assim tiverom tempo de "pensar" sobor o nacional-socialismo, mas nom de fazer o que fai o nacional-socialismo.

Nom fala-mos quase da Tradiçom, e cremos que é preciso fazê-lo embora que seja por umha vez. Mas é que além disso a Tradiçom pode ir adquirindo maior importância devido a situaçom de pessimismo e decepçom total que está entre os NS, pois, como veremos, a Tradiçom é umha base magnífica para um individualismo pessimista, que se reclui em si, que procura a Verdade e a Salvaçom fora da realidade, justificando de algumha maneira todo fracasso e toda ruína do mundo exterior.

Por isso nos tempos maus, quando o mundo é mais difícil para as gentes de sentimentos nobres, nesses momentos é quando mais ressurgem os místicos, os anacoretas, as tradiçons esotéricas ou monásticas e, enfim, as bases dumha Fé no Eterno Retorno ordenado divinamente, a Esperança em que um Deus dea um novo mencer após a longa noite.

Dessa forma é muito tentador tentar procurar um pensamento antissistema, umha alternativa "religiosa" ao Sistema, que dalgumha forma nos arme dumha "segurança" total de vitória final, de Razom sem necessidade de demonstraçom, por vir dum Deus.

Se o pêndulo ("agulha") do mundo moderno estava apontando para o materialismo consumista, alguns lembram agora os tempos nos quais o pêndulo estava apontando cara um espiritualismo religioso anticientífico e místico, isso sim, governado polas castas sacerdotais, ou melhor, inquisitoriais.

Por isso contra o desarme espiritual do mundo moderno é lógico que se poida retomar a bagagem de "espiritismo" da Tradiçom. E em certa forma a Tradiçom proporciona elementos valiosos, sempre que seja convenientemente filtrados e separados do componhente deísta (de deísmo) e utopista. Por isso alguns escritos permitem-nos umha brilhante apresentaçom dos princípios da Tradiçom, e com ele a possibilidade de poder debatê-la sem recorrer aos confusos textos originais dum Guenon.
QUE É A TRADIÇOM?

Como muito bem diz Antonio Medrano "A Tradiçom é a Voz de Deus", "A Palavra vivificante que vem do Alto". Ou seja, e traduzindo, a Tradiçom é umha tentativa de intelectualizar os sentimentos deístas.

A ideia dum Deus fonte de toda Verdade, que permita pois impor sem dúvida nem necessidade de provas, sem discussom nem tempo de vigência, as "verdades" que alguém gostaria de crer, foi sempre o "refugio pecatorum" dos místicos. Nom há nada mais doado que negar qualquer contrário ou qualquer crítica, dúvida e absurdo, que recorrer à "vontade de Deus".
Com a "Palavra de Deus" (a Tradiçom pois) em primeiro lugar, umha multitude de xamãs e pais de todas as religions forom capazes de justificar dende as pestes à miséria, levar ao estrado qualquer incrédulo cientista que lhes contradicisse ou arruinar toda tentativa de oposiçom. A Verdade única e total que emana dum Deus nom tem forma de ser comparada com a realidade, nem de se pôr à prova, é simplesmente a Verdade, e portanto nom precisa de nada mais.
A Tradiçom é, pois, umha tentativa de dar forma doutrinal, dar umha base ideológica mais séria à eterna imposiçom da Palavra de Deus sobor a realidade científica e humana.

Suponho que esta definiçom muitos tradicionalistas nom gostaram mas se a analisam veram que está de acordo com suas próprias definiçons: A Tradiçom impom sua Verdade divina e suprema a qualquer teste ou prova, a qualquer ideia de "resultado" ou demonstraçom científica. Por isso, dalgumha forma a Tradiçom é umha nova Bíblia, umha nova palavra de Deus, mas desta vez escrita sem umha base tam ridícula como as divinizaçons "particulares", excluindo os contos de há 2000 anos, e tratando de apresentar a sua essência no mundo atual.



UMHA NOVA RELIGIOM?

 Mas o mundo resistiu e suportou centenas de religions, e inclusive agora há várias de importância, isso tornava muito desagradável o trabalho deísta. Qualquer tentativa de dar forma doutrinal ao deísmo chocava-se com as "guerras de religiom", com a evidência de que havia muitos deuses e que portanto a "Palavra de Deus" era mais bem um "Parlamento de Deuses" em contínuo vociferar contradiçons teológicas. Por isso o grande avanço da Tradiçom foi estabelecer o que Schuon chama de "Unidade transcendente das religions".

Sem dúvida a Tradiçom proporcionou umha grande dose de prudência e sensatez ao deísmo com esta posiçom integradora das religions. Assumir o mínimo múltiplo comum de todas as religions, a "essência" de todas elas, permite evitar as vergonhosas guerras religiosas, que somente faziam desprestigiar mais e mais todas as religions.

Outra cousa é que essa intençom integradora tenha umha base real. A Tradiçom nom apresenta provas de que o Budismo ou Manitu tenham a mesma base que com o druidismo. As religions pré-socráticas e o cristianismo som tam diferentes nas suas bases que nom vejo de onde saem as demonstraçons integradoras dumha "unidade" transcendente entre elas.

De todas as formas, dalgumha maneira pode-se dizer que a Tradiçom é umha "nova religiom", um deísmo genérico, produto destilado de todas as bases religiosas anteriores, que como tal eliminou muitos absurdos formais que haviam nelas, embora mantendo sua base deísta.

A VERDADE COMO FUNDO DO PROBLEMA

Na realidade o problema de fundo é como basear a Verdade, onde procurá-la. A Tradiçom é simplesmente cortar este nó gordiano mediante a espada de Deus. A verdade nom é pois algo que se necessite procura senom que existe em si mesma como "vontade de Deus".

A simplificaçom é enorme e permite ignorar toda prova, demonstraçom, evitar toda crítica e assumir umha postura de "possuidor seguro da única e total Verdade".

Para o Nacional-Socialismo a Realidade Natural indica-nos a necessidade de ajustar as verdades com os resultados. Ou seja: a ciência mostra-nos que as verdades som aquelas bases que se ajustam à realidade, cumprem com as provas de ensaio e erro. Se umha verdade nom se ajusta à realidade e sua aplicaçom traz o desastre social, essa verdade deve-se pôr em séria dúvida. O N-S nom assume utopias, senom realidades num caminho para um homem e umha sociedade melhor.

J. Bochaca repete frequentemente umha frase que deveríamos todos gravar em bronze: "A Realidade é obstinada". Ogalhá se todos nós tiveramos essa frase inserida no mais profundo do pensar. A realidade das cousas é muito obstinada, tanto que as Idéias quebram-se e destroem-se se vam contra essa realidade. Quando se pretende ir contra a gravidade ou a psicologia do homem, contra as realidades que dia a dia olhamos demonstradas na vida, acostumam-se a colher magníficos resultados negativos.

Diante dum mundo moderno relativista e submerso na falta de Verdade, sem princípios profundos, essa facilidade em apresentar umha Verdade sem dúvida nem relatividade é como umha salvaçom para os "parasitas do espírito".

Quem som os parasitas do espírito?, pois aqueles que procuram um lenho (madeira) onde parasitar as suas dúvidas, que os mantenha flutuando e dea-lhes "segurança".

A PSICOLOGIA DAS RELIGIONS

E aí atopamo-nos no núcleo do problema: a psicologia da multitude.

Seríamos tam utópicos como o que criticamos se nom olharamos que as religions som um fato constante na humanidade, e portanto devem respostar a umha certa realidade. Ignorar o fato religioso é tam irreal como acreditar num Deus.

A humanidade sinte umha necessidade íntima de religiom, enquanto que sinte umha necessidade urgente de respostas diante da morte, diante do motivo da vida, necessita dumha justificaçom do mal e dos desastres, exige umha segurança e umha explicaçom da sua presença no mundo. Estas necessidades psicológicas podem ser resoltas a partires dumha enorme força de vontade e de sinceridade consigo mesmo (é a via elitista para a Ética pessoal), mas esta via está muito distante das forças médias das multitudes. Por isso umha psicologia de multitudes baseia claramente na necessidade religiosa.

A Tradiçom tem pois umha realidade inegável e demonstrável: ser a marca ou sinal dessa necessidade psicológica das multitudes de "crer" nalgo que dea sentido às suas vidas. A Tradiçom cobre essa necessidade global de forma muito mais eficiente (ou pelo menos mais inteligente) que as religions particulares, claramente infectadas de absurdos insalváveis, pois baseiam-se em "livros" ou fatos historicistas, em Igrejas e em dogmas, sem pés nem cabeça.

Convencidos de que demonstrar que Maomé ou Cristo som a representaçom do único Deus era pouco menos que se meter numha dificuldade insalvável, os pensadores da Tradiçom mostraram um caminho muito mais sensato (dentro da insensatez geral do deísmo) que é o de apresentar um caminho espiritual deísta comum, único, que pode ser "expressado" em cada regiom ou raça de formas diversas, mas que todas som um mesmo caminho.

O desejo é a base de muitos pensamentos, como bem demonstrou Paretto. O desejo das massas dumha religio mé a base do deísmo mundial.

A MÍSTICA NAS PESSOAS SUPERIORES

Mas continuaríamos sendo injustos se crera-mos que os pensadores da Tradiçom som, pois, espelho de multitudes. Nada mais distante disso.

Se as religions som umha resposta às necessidade psicológicas das massas, a mística e o ascetismo religioso é um produto para elites.

As religions som usadas polas massas no seu aspecto utilista (de utilidade), como "pomada suavizante" das suas dúvidas e problemas, sem chegar a ser mais. As multitudes nom sabem nada de Deus, somente "usa-no" como curandeiro dos seus problemas e angústias.

Mas existe umha caste de pessoas superiores, de mentalidade mais ajeitada e de personalidade rara, que se sentiram sempre atraídos polos aspeitos sublimes da religiom: pola mística, polo esoterismo ou pola contemplaçom.

Nós, os quais conhecemos os melhores pensadores da Tradiçom, sabemos que som ou eram pessoas excelentes, de grande qualidade humana e de delicados sentimentos. Nada mais distante da gentinha e da vulgaridade que o homem da Tradiçom.

O problema nom é pois que a Tradiçom seja negativa ou leve à posturas negativas, absolutamente. A Tradiçom é algo sublime, é umha enorme utopia do Sublime. O mal é que é falsa, que é irreal e corresponde a caráter utópicos, mentais, nom reais.

O místico ou o esotérico podem atopar seu próprio cainho de perfeiçom, mas levam a massa social ao desastre! Numha palavra, a Tradiçom sublima os quais a seguem à custa de difundir umha febre de utopias e injustiças entre as massas. A Tradiçom é tam positiva ao indivíduo superior como nefasta à Política dos Povos.

Quando um médico tentou curar a peste bubônica meiante medidas de profilaxia (limpeza), foi queimado vivo por duvidar que era um castigo de Deus.

Algo assim, excetuando os tempos, acontece agora. O pensamento tradicional dá explicaçons que santificam o indivíduo superior (como a Fé na Peste como castigo divino foi motivo de brilhantes abusos místicos), mas esteriliza a aceitaçom da realidade, da luita política real e científica como caminho seguro, fulmina a Ciência e é o principal inimigo da consciência científica oriental: prova e corrige erros antes de aceitar verdades.

Toda a ciência oriental, todo o desenvolvimento do conhecimento, baseou-se na mentalidade do homem branco de assumir que "a realidade é real", é algo que se pode medir e controlar, e nom somente "rezar". Toda a Ciência saiu dumha luita constante contra o misticismo utopista.

OS PRINCÍPIOS UTÓPICOS DA TRADIÇOM: A DISGREGAÇOM DO HOMEM

Talvez a melhor forma de olhar os erros do pensamento tradicional é analisar alguns dos seus princípios.

Nom quere-mos dizer que nom tenha princípios absolutamente válidos na Tradiçom, absolutamente. Há pontos que coincidem totalmente com a nossa forma de pensar, como já veremos, mas em geral há umha série de princípios básicos da Tradiçom que mostram claramente a sua base utopista e irracional.

O primeiro é a visom categorizada do homem: a compreensom utopista do homem em "planos hierárquicos diferenciados" (chame-se espírito, alma e corpo, ou Natural e Sobrenatural), como a mania em assumir que o "inferior" nom pode influenciar no superior, ou seja, que o corpo e o material som somente "servidores" dum elemento espiritual "nom contaminado" por essa matéria.

É evidente que a Ciência e a Realidade mostram-nos dia a dia as relaçons entre as capacidades superiores do homem e a sua base genética, o seu corpo, os hormônios e o caráter, o metabolismo e as inclinaçons superiores, enfim, a UNIDADE de matéria e "espírito" no homem. O maior conhecimento do cérebro humano e da psicologia científica foi demonstrando mil relaçons entre "pensamento" e fisiologia. A genética descobre a cada dia relaçons de comportamento... E diante de toda essa realidade obstinada a Tradiçom continua com a sua cantilena utopista dum espírito livre de vínculos materiais que governa o corpo como cavaleiro vindo de Deus direitamente. E continua falando de classes insolúveis. E de "superior" ou "inferior", com o qual contrai o feio defeito da origem judaica de desprezar o corpo. Contra as religions pré-socráticas, que davam ao corpo a importância que tem (e com isso ao sexo e à ledícia da mocidadel, à vida e à Natureza), a Tradiçom alinha-se com as visons espiritistas, anti-materiais, que promovem o desprezo ao sexo e ao corpo e negam as evidências científicas que demonstram a interaçom unitária de corpo e alma. Como dizia Rosemberg: "A alma é a raça vista por dentro".

O problema nom é somente a crença num Deus indemonstrável senom para cúmulo a negaçom da interaçom matéria-pensamento-"alma" no homem. Num momento no qual sabemos que umha desordem hormonal pode mudar as inclinaçons do caráter dumha pessoa, que um gene (conjunto de moléculas dum ácido ribonucleico e proteínas complexas) pode influenciar em toda a personalidade (até o fato de reduzir o novo ser ao mongolismo), no momento em que se fala de engenharia genética e em que devemos inclusive nos proteger contra a possibilidade dumha deformaçom intencional da mentalidade humana por manipulaçons químicas ou genéticas, o vir agora cumha doutrina de separaçom corpo-alma e de classificaçom no interdependente, em nome dum deísmo utópico é quanto menos surpreendente e com certeza de duvidosa lógica.

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