quarta-feira, 4 de julho de 2012

O REIS JUDEU-CATÓLICOS



 O franquismo considerou-se e pode considerar-se herdeiro do legado dos chamados Reis Católicos, em cujo reinado, como poderemos olhar mandavam mais judeus que no império judeo-iankie com o que também podem-se fazer ricas analogias . Ajudaremo-nos do historiador sefardí Joseph Pérez e de Américo Castro principalmente.

Empregando sujas técnicas que hoje parecem-nos novas, os Reis Católicos animam aos vassalos a se sublevar contra o régime senhorial, dando-lhes a entender que se lhes incorporam novamente ao património real. 

Com as suas artes ocasionam umha guerra civil que dura polo menos até finais de 1476 e que, em ocasions, prolonga-se até 1486, o que supóm que o novo régime nom contava precisamente com o entusiasmo do reino, sobretudo todo tendo em conta que supostamente em Castilla de 1454 a 1464 tinham transcorrido dez anos de paz e de justiça.

Umha vez tomam o poder em 1480 aprovam as Cortes: formar parte delas é um privilégio reservado só às mais judaicas cidades de Castilla: Burgos, Soria, Segovia, Ávila, Valladolid, Salamanca, Zamora, Toro, Toledo, Cuenca, Guadalajara, Madrid, Sevilla, Córdoba, Jaén e Murcia, à que virá a engadir-se, Granada, depois de 1492. Olhamos como depois de 500 anos o judaico facheirio que domina o resto da “piel de toro” segue intacto. Para o judeu Franco nom havia mais Espanha que esta.

Assim como a Paquito deu-lhe por ser “generalísimo” e “caudillo”, o judeu Fernando faz-se-lhe eligir sucesivamente “gran maestre de las órdenes de Santiago, Calatrava y Alcántara”, situaçom de feito que o papa Adriano VI transformará em situaçom de direito quando em 1524 incorpora estas dignidades à coroa.
 
Longe de socavar o poder territorial da nobreza os Reis Católicos acrescenta-no. As leis de Toro em 1505, ao regramentar e favorecer a constituçom de primogênitos inalienáveis, conduzem a organizar e perpetuar o poder territorial destes parásitos.

Os judeus na Espanha dos Reis Católicos

Na luita contra o mouro nom bastava com ocupar o cham; tinha que povoá-lo; convidava-se, pois aos judeus a ficar no lugar e ofereciam-se-lhes garantias jurídicas e, umha espécie de autonomia administrativa e judicial. É assim como os almorávidas e almóadas mostram-se mais intransigentes que os anteriores; perseguem aos judeus que se refugiam em grande número nos territórios cristians.

Desta maneira acrescenta-se na Espanha cristiã umha importante comunidade judea muito, muito prospera graças aos seus sujos negócios de sempre: usureiros, cambistas que acaparam grãos para fazer subir os preços (como o judeu Marc Rich na actualidade), tesoureiros, negociantes, traficantes de escravos, arrecadadores de impostos ou qualquer posto achegado ao poder (como médicos de), é dizer, soberanos, grandes senhores e príncipes da Igreja. “Assim forma-se umha oligarquia judea que mostra muitas vezes um luxo ostentoso, um fausto, umha confiança em si mesma e um orgulho provocador” dize-nos Joseph Pérez, e segue contando-nos: “Os reis e os grandes adulam-na (à oligarquia judea), de tal forma que remata por disponher dumha influência social considerável”
Esta opulência e este luxo contrastam com as condiçons de existência da maioria do povo que olha como medra sem cessar a distância entre a sua pobreza e a riqueza dos judeus, instrumentos e beneficiários da opressom fiscal” É dizer, igualinho que agora.

A justa carragem popular perante tais injustiças mais outras como matar crianças em rituais, prática nada fantasiosa que tem como caso mais conhecido e documentado o do neno de La Guardía, faze que se convirtam para salvar o pescoço de muitos judeus. 

O batismo assimila aos cristians, dende o ponto de vista dos direitos civís, o que lhes da accesso a funçons proibidas noutros tempos: entram nos regimentos (conselhos municipais), aliam-se a famílias nobres, insinuam-se nas filas do clero onde a sua astúcia permite-lhes muito a miúdo elevar-se até os postos mais acima da hierarquia. Outros seguem a ocuparem-se de actividades financeiras e comerciais.

Por estos motivos, o anti-semitismo de antano ve-se reforçado; aponta tanto aos que ainda seguiam a ser judeus como aos falsos conversos recentes. Distúrbios em Toledo em 1449, em Segovia em 1474, noutros sítios em diversas épocas, testemunham que a hostilidade popular nom cede. Quando chegam ao trono os Reis Católicos, os problemas prantejados pola existência da minoria judea semelham inextricáveis.”

Para tentar resolve-los de cara à galeria, virom-se abocados a criar umha farsa de tribunal que acalmara o monumental enojo dos párias, a Inquisiçom:

A mesma ideia surgiu dos judeus. Isso é o que sostem Américo Castro e nom tem nada de absurdo. Franco também falava muito de perseguir à judeu-maçonaria, sendo ele judeu, financiado por um judeu (March) y de ter tentado entrar na maçonaria (o seu pai e o seu irmão era-no ao igual que os seus “colegas” fascistoides Pío Cabanillas, Mola e o psicópata Queipo de Llano). Pois bem, com este tribunal planejado polos próprios judeus tratava-se de castigar aos “pringados” (ao igual que no holoconto) e lavar aos outros, à maioria, segundo diziam da infâmia. É assim como tiverom a Torquemada, do célebre teólogo e dominicano (Ordem dos Pregadores) Dom Juan de Torquemada, cardeal de Sam Sixto, dize Hernando del Pulgar: «os seus avós forom de linhagem dos judeus convertidos à nossa sancta fe católica»

A Pré-História dos procedimentos inquisitoriais deve rastejar-se nas judiarias de Castilla e Aragoa. Segundo um erudito israelita, quenes a finais do século XIV delatavam aos judeus em Catalunya «nom eram polo comum os cristians, senom os novamente conversos ao cristianismo, desejosos de ostentar o seu zelo de neófitos ou de saciar antigos rancores»

Ao saber todo isto, é lícito e razonável suspeitar que os novos e estranos procedimentos da Inquisiçom espanhola sejam umha adaptaçom dos usuais nas alfamas, e que o veículo para tal mudança acha-se nos numerosos judeus que, no século XV, chegarom ser bispos, frades e ainda membros do Conselho Supremo da Inquisiçom. Alguns escreverom livros muito inumanos contra a gente da sua raça, segundo olhemos.

Ninguem melhor que o historiador e jesuita Juan de Mariana para confirmar a impressom de que o Santo Ofício, tal como começou a funcionar em 1480, com os seus segredos e as suas «malsines», era novidade nunca vista -e à vez um «remédio dado do céu», segundo Mariana

O que sobretudo estranavam era que os filhos pagassem os delitos dos pais; que nom se soubese nem manifesta-se o que acusava, nem lhe confrontassem com o réu, nem houvera publicaçom de testemunhas, todo o contrário ao que de antigo acostumava-se nos outros tribunais. Demais disso parecia-lhes cousa nova que semelhantes pecados castigaram-se com a pena de morte; e o mais grave, que por aquelas pesquisas segredas quitavam-lhes a liberdade de ouvir e falar entre si, por ter nas cidades, povos e aldeias pessoas adrede (aí aparecem os malsines) , para dar aviso do que acontecia, cousa que alguns tinham em figura dumha servidume gravíssima e a par de morte.


Ainda que Mariana lembra que houvo antes Inquisiçom noutros estado/reino, reconhece que o procedimento inquisitório na coroa de Castilla era umha inovaçom dentro da Igreja, porque «às vezes os costumes antigos da Igreja mudam conforme ao que os tempos demandam». O estabelecimento do Santo Ofício significou para Castilla a perda da sua liberdade secular e o ingresso num novo régime, em «umha servidume gravíssima e a par de morte». Os métodos do novo tribunal eram tam inauditos e novos para a justiça civil como para a eclesiástica, e daí o assombro que tam bem reflexa-se na tersa linguagem do jesuíta. O espírito da judiaria, novo e estrano, falava por meio dos frades judaizados que manejavam a Inquisiçom.

Aunarom-se naquela o ódio secular e sem estrutura da «gente de los menudos (plebe)» e a paixom velenosa e muito articulada de certos teólogos judeus, convertidos ao cristianismo para dano da espiritualidade cristiã e das naçons hispânicas. Da plebe sem nome e sem forma surgiu a violência cega que dende finais do século XIV começou a arrasar as judiarias; certas ordes religiosas com matiz popular e ampla base de vilanagem -e bastante povoadas de conversos resentidos-, suministrarom o programa para o ataque, com argumentos que vozeavam dende os seus púlpitos prestigiosos, e que ao longo teriam consequências incalculáveis. Nom bastou que os reis procurassem atalhar a fúria descarriada de quenes viviam privados de fecundas tarefas; e procuravam as suas vidas em desejar e em nom querer; o seu afám mais urgente era apoderarem-se do criado por quenes eles desamavam. Difícilmente, por outra banda, puideram os grandes senhores imponher mesura ao vilanagem, quando eles mesmos nom tinham outra missom que a de «viver-se» a si mesmos, exercitando o seu valor e recriando-se no espectáculo da própria distinçom. Antes de que o Rei Católico descubrira a maneira de utilizar a impaciência combativa dos seus cavaleiros, o fervor daqueles senhores levava-os a destroçar a sua própria terra. Mentras tanto, a gente de baixa e servil condiçom (assim chamava ao marquês de Santillana) cebava-se nos despojos das ricas judiarias, bem atiçados na sua fúria polas prédicas de ceirtos frades.

Se reis e nobres contiverom às vezes a violência material contra os hebreus, ninguem em cámbio puido reprimir a fúria teológica dalgunos ilustres conversos contra os seus ex-irmans de religióm. Semelha incrível, mas o certo é que os mais duros golpes contra Israel vinherom dos seus mesmos rabinos logo de se baptizar.


Tivo sonhado o judeu nos séculos XIII e XIV com a possibilidade de dominar a Castilla, a nova terra prometida. Estavam nas suas mãos o fomento e a administraçom da riqueza do reino, a técnica e os saberes entóm possíveis. Como quase todos os fenómenos da vida espanhola, o seu judaísmo careceu também de límite e discreçom.


Um grupo, ao fim, integrado por homens inteligentes e muito sábios, sacrificaria-o todo ao afám de ser preeminentes e de sentirem-se bem afirmados sobor os cúmios da sociedade. Nom vacilarom em atraiçoar aos judeus e em perseguir aos conversos com sanha esquisita. Eles forom, em realidade, os inspiradores do Santo Ofício da Inquisiçom e dos métodos que tanto estranavam ao pai Juan de Mariana. Mas tal afirmaçom precissa ser bem provada.


A primeira figura daquele grupo foi Salomóm Haleví, nascido em Burgos no 1350 e rabino maior da cidade. Ele, os seus filhos e os seus irmãos abraçarom no 1390 o cristianismo, e Salomóm foi desde entóm Dom Pablo de Santa María; dele procedem todos esses teólogos, juristas e historiadores Santa María, cujas obras enchem de distinçom as letras do século XV. Dom Pablo recebeu em Paris o título de doutor em teologia; no 1396 era já canónigo da catedral de Burgos, e dende entóm choverom sobor ele honras e preeminências: capelám maior de Enrique III, núncio do Papa Bento XIII na corte de Castilla, titor e chanceler de Juan II (cuja pragmática do 1412 contra os judeus deveu de redatar), e finalmente bispo de Burgos. Todo isso pom de manifesto a sua inteligência e o seu saber, graças aos quais puido passar de rabino maior a bispo dentro da mesma cidade, cousa que nom se conceberia fora de Espanha -um estado de historia singularísima-. Até aqui nada é reprovável na vida de Dom Pablo -um novo Saulo-, porque como tam amiúdo diziam os conversos do século XV , o cristianismo começou com Jesucristo, um divino converso, e judeus conversos forom os seus apóstolos. Mas se a conversom de Salomóm Haleví é, num princípio, respeitável, a postura que asumiu fronte aos judeus de Espanha foi umha pura bardalharia, por bem que se explique dentro do complexo movimento da história hispânica. No seu Scrutinium Scripturarum, escrito na ancianidade, dize o obispo de Burgos que os judeu “espanhois” «suadente anticuo hoste» (por persuasom diabólica), «tinham subido a grandes estados nos palácios reais e dos grandes», e impunham temor e sumissom aos cristians, com notório escândalo e perigo das almas; governavam ao seu arbítrio o reino de Castilla, que reputavam qual de si próprio. Alava Dom Pablo las matanzas de 1391, e pensa que as turbas forom excitadas por Deos para vingar o sangue de Cristo ( «Deo ultionem sanguinis Christi excitante» ); aquele Ferrán Martínez que incitou à plebe sevilhã era para o cristiã bispo de Burgos «um homem ignorante ainda que de loável vida -in litteratura simplex et laudabili vita»; etcétera.

A única escusa para tanta degradaçom é pensar que o rabino-bispo, mentras assim escrevia, estava a conjurar os espectros da sua própria vida, berrando para nom ouvir-se a consciência. Dom Pablo converteu-se para subir a grande estado o palácio do rey e para governar ao seu arbítrio o reino de Castilla. Os seus antergos tinham feito como rabinos e alfaquís, e ele ja nom puido ascender senom renegando da sua fé. No Dom Pablo debuxa-se a figura sinistra do inquisidor do seu próprio povo.
Se os ilustres conversos tiveram guardado para si as suas novas crenças, ou vivido como alguns que conheceu Pérez de Guzmán -«bons religiosos que passam nas religions áspera e forte vida da sua própria vontade»-, entóm nom tinham causado mã de nenhuma classe. O grave é que sentirom a urgência de justificarem-se apagando toda pegada e lembrança do judaísmo que levavam nas suas almas. Entre estes abjectos personagens merez ser destacado o rabino e depois pai mestre frei Alonso de Espina. Estando o rei Enrique IV em Madrid, descansando das suas tarefas, veu ali o mestre do Espina e frei Fernando de la Plaza, com outros religiosos da observância de San Francisco, a notificar ao rei como nos seus reinos avia grande heregia dalguns que judaizavam, guardando os ritos judaicos, e com nome de cristiãs, retalhavam ['circuncidavam'] aos seus filhos; suplicando-lhe que mandasse fazer inquisiçom sobor isso para que fossem castigados. Sobor o qual fizerom-se alguns sermons, e em especial frei Fernando de la Plaza, que ao predicar dixo que ele tinha prepúcios de filhos de cristians conversos…O rei mandou-lhes chamar e dixo-lhes que aquilo dos retalhados era um grave insulto contra a fé católica, e que a ele pretendia castigar, e que trouxera logo os prepúcios e os nomes daqueles que o tiveram feito…Frei Fernando respondeu-lhes que depuseram pessoas de autoridade; o rei mandou que dixe-se quenes eram as pessoas; denegou dizé-lo, de maneira que achou ser mentira. Entóm veu ali frei Alonso de Oropesa, prior general da orden de Sam Jerónimo, com alguns priores da sua orde, e opuxo-se contra eles, predicando diante do rei, por onde ficarom nalgumha forma os observantes confusos.

Frei Alonso de Espina é autor do Fortalitium fidei, que rematou em 1458, e foi muito editado no século XV e mais tarde (1485, 1494, 1511, 1525); há nas pasasgens como a seguinte: «Creio que se tivera feito neste o nosso tempo umha verdadeira inquisiçom, seriam inumeráveis os entregados ao lume de quantos realmente acharam que judaízam». Frei Alonso chegou ser reitor da Universidade de Salamanca, e empregou o mais do seu tempo em predicar e escrever contra o povo hebreu. O seu zelo triunfou, e puido gozar na sua ancianidade dum posto no Conselho Supremo da Inquisiçom, que ao fim conseguirom instaurar este e outros ex-judeus, a força de acender mais a fúria da vilanagem e de martelar nos ouvidos dos reis, junto aos quais actuavam de malsines como quando viviam nas suas judiarias.

Conhecemos muito imperfeitamente a actuaçom pre-inquisitorial dos trânsfugas de Israel, ainda que é doado representar o ambiente dos mosterios de franciscanos e pregadores da orde no século XV. Já analisa-mos noutra parte as luitas em pro e em contra dos conversos dentro da Orde de Sam Jerónimo. De todo isso desprende-se que a Inquisiçom estivo a gestar-se dende começos do século XV; o fermento de ódio foi bem cultivado, entre outros, por Dom Pablo de Santa María e também polo seu contemporâneo Josué Lurquí (de Lorca), outro sábio rabino, que ao converter-se tomou o nome de Jerónimo de Santa Fe. Era, como Dom Pablo, grande amigo do Papa Bento XIII, o anti-papa bento Luna, organizador da Conferência de Tortosa, em 1413, na que se enfrontarom teológicamente cristianismo e judaísmo. Assistirom a ela catorze rabinos, e ainda que semelhe cómico, certo é que a voz da Igreja levou-na Jerónimo de Santa Fe, quem, com o Talmud na mão, ia aniquilando todas as doutrinas dos hebreus. Dos catorze rabinos, só dos, Rabí Ferrer e Rabí Joseph Albo, resistirom a argumentaçom demolidora do seu ex-colega. Doze se fizerom cristians, e passarom assim a engrossar a grande hoste dos futuros inquisidores. As vítimas do terror aliviariam-se dele aterrorizando a outros. Jerónimo de Santa Fe completou a sua tarefa escrevendo o notório livro Hebraeomastix (o azote dos hebreus), do qual dize Amador de los Ríos: «só obedecendo a umha tentativa exterminadora puiderom imaginar-se e escrever-se as cousas nesse livro recolhidas»

A forma insensata da vida hispânica durante a Idade Média começava a render froitos de insensatez.

O judeu voltou como um polvo sobor o vilanagem -bravo na peleja e inepto para o demais-, e aliviando dos seus coidados aos grandes senhores. Bem poucos entre estes tinham consciência da sua responsabilidade, e pono de relevo um feito que, de ter tido imitadores, teria variado o curso da história. Merecido prestígio rodeava no século XV à família dos condes de Raro. Um deles, Dom Pedro Fernández de Velasco, como nalgumhas vilas suas tivera muitos judeus, e com os logros ['a usura'] parece-se-lhe aquilo empobrecer, mandou só graves penas nenhum fosse ousado de dar a logro. E como algúm tempo isto dura-se, os vassalos queixarom-se a ele, dizendo que muito maior dano recebiam em nom falhar dinheiros a logro nem noutra maneira, como já, nom os falhou, convinha-lhes vender aos seus gandos e lãs e pam ['milho'] e outras cousas adiantado; e por ende suplicavam-lhe que de-se liberdade a que o logro dera-se. O conde, querendo nisto remediar, mandou ponher tres arcas, em Medina de Fumar, e em Berrera, e em Villadiego, ponhendo em cada umha delas dous centos mil maravedís, e nos celeiros de cada umha destas vilas, dous mil fanegas de milho; mandando dar as chaves do já dito a quatro regidores …mandando-lhes que qualquer vassalo seu como menester tivera dinheiro ou pam, até em certo número, dando prendas o fianças, foise-lhe prestado por um ano. Com o qual conservou tanto os vizinhos de aquelas vilas, que todos viverom fora de necessidade. Cousa foi por certo esta de muito católico e prudente varóm, e muito digna de memória.

O conde de Haro fundou, sinxelamente, o primeiro banco de crédo agrícola em Hisânia, e fizo-se a usura dos judeus tam desnecessária para a vilanagem como para os senhores. Em instituçons assim radicava a possibilidade de normalizar a economia pública, e de fazer dos hebreus elementos úteis e nom indispensáveis -polvos que afogavam ao povo e era logo, à sua vez, espremidos polo rei e os seus nobres-. A soluçom inteligente do conde de Haro ( da que no sabemos mais pola nossa falha de fontes históricas) ficou ailhada, como umha testemunha da virtude nobiliária no século XV .

Eram privados, médicos e embaixadores dos reis; administradores de rendas e finanças, comerciantes e artesans; teólogos e escritores; bispos e cardeais como antes eram rabinos. Forom conversos no século XV dos bispos de Burgos, o de Coria e o cardeal de Sam Sixto, e muitos outros. Havia-os nos cabidos catedrais, o mesmo que nos conventos de frades e de freiras. Contudo, os cristians velhos e os novos vinham às mãos em Andaluzia e outras partes de Castilla. Um grande aristócrata como Dom Alonso de Aguilar tentou atalhar na sua cidade de Córdoba os desmãos contra os conversos, o mesmo que em 1391 o filho do rei de Aragoa tratou em vam de imponher respeito às turbas que assaltavan a judiaria de València. Mas em Córdoba, «sem vergonha e acatamento de Dom Alonso começou o roubo, e ali fizo-se muito grande peleja, e forom arrojadas polos do povo muitas pedras a Dom Alonso, de tal maneira que se houvo de retrair à fortaleza» Pouco depois, em 1473, foi assassinado em Jaén o condestável Miguel Lucas de Iranzo por favorecer aos conversos. “Tardou Hispânia muitos anos em se habituar a respirar o ar enrarecido que lhe tinha legado a tradiçom judaica” Américo Castro

Quando a cousa tornou a séria para os falsos conversos que nom convinha molestar aparecerom curiosamente como protetores Frai Hernando de Talavera (quem se encarrgara anteriormente da incautaçom de prata das igrejas para ajuda dos Reis Católicas na guerra civil) ou o cronista e secretário da Rainha, Hernando del Pulgar, ambo-los dous conversos, que denunciam o que eles consideram abusos do Santo Ofício.

De facto Talavera estivo a piques de ser o mesmo vítima destes procedimentos. Em 1505, em efeito, o inquisidor de Córdoba, Lucero, detem a amigos e achegados do arcebispo, em particular as suas irmãs e o seu sobrinho; dispom-se a atuar contra o próprio Talavera, quando o inquisidor geral, o descendente de marranos Cisneros. Alertado, destitue-o.

A hierarquia conversa à sua vez trata de conter a ira contra os judeus nom convertidos legislando normas que limitam o pavoneio destes. Assim, em 1476, as Cortes de Madrigal proibem vestidos de luxo para aqueles; em 1480 recuperam-se textos de 1411 que apontam a fechar aos judeus em bairros reservados, as judiarias.

Apresares das reticências das mais altas autoridades do reino, começando polos próprios soberanos, a força dos acontecimentos impóm, nom obstante que se chegue até o final, até a lógica conclusom das medidas de 1476, 1478, 1480. É o decreto de expulsom do 31 de Março de 1942, assinado tra-la toma de Granada; convida-se aos judeus a escolher entre duas soluçons: ou bem convertem-se e podem permanecer na “sua pátria”; ou bem deixam o território quando expire um praço de quatro meses.
Muitos optan por ficar (como pouco um terço dos que eram), como aqueles Coronel de Segovia que terám como padrinhos, o dia do seu baptismo aos Reis Católicos em pessoa.

Nom era este o único converso achegado ao poder. O judaico clero contava com o já nomeado descendente de conversos Cisneros, arcebispo de Toledo que financiou parte da expediçom a Orán.
E aqui uns parágrafos escolhidos dum tal Andrés Bernáldez-quem viveu naquella época- sobor os judeus: 
 
E comummente pola maior parte era gente trapalheira e de muitas artes e enganos, porque todos viviam de ofícios folgados, e em comprar e vender nom tinham conciência para com os cristians. Nunca quixerom tomar ofícios de lavrar nem cavar, nem andar polas terras a criar gandos, nom lho ensinavam aos seus filhos; agás ofícios de povoado, e de estar assentados ganhando de comer com pouco trabalho”

Muitos deles, nestes reinos, em poucos tempos achegarom muitos grandes caudais e fazendas, porque do logro e usura nom faziam consciência, dizendo que o ganhavam com os seus inimigos, atando-se ao dito que Deus mandou na saida do povo de Israel roubar a Egipto por arte e engano, demandando-lhes prestado os seus copos e taças de ouro e prata. E assim tinham presunçom de soberbia, que no mundo nom havia melhor gente, nem mais discreta nem aguda, nem mais honrada que eles, por ser do linhagem das tribos e médio de Israel. Em quanto podiam adquirir honra, ofícios reais, favores de reis e senhores, eram muito diligentes.”

Alguns mesturarom-se com filhos e filhas de cavaleiros cristians velhos com a sobor de riquezas, e acharom-se bem-aventurados por isso, poque polos casamentos que assim fizerom ficarom na Inquisiçom por bons cristians e com muita honra.”

O início do imperialismo hispânico

Como com o império judeu-iankie, o vírus judeu instala-se nos postos mais altos do poder e dende ali, sedento de mais poder ainda, da-lhe por querer dominar mais territórios sementando o terror. Desse modo, expulsa-se definitivamente ao Islam, erige-se em Itália como rival de França e descobre-se um novo mundo que as geraçons seguintes conqueriram e estourarám.

Com a toma de Granada, os Reis Católicos situam ao frade coverso Hernando de Talavera com o novo título de arcebispo de Granada. A ele corresponde-lhe o que os muçulmanos abjurem da sua religiom. Segue-lhe outro converso, Cisneros, cum temperamento mais militante. Mostra-se mais enérgico com relaçom aos novos conversos muçulmanos que conservam costumes antigos, toma sançons e provoca umha revolta no bairro de Albaicín, rápidamente reprimida polo conde de Tendilla, mas que vai ter consequências dramáticas: se por umha banda precipita o movimento de conversom ( mais de tres mil baptizos celebrados numha semana…);por outra, em cámbio provoca o erguimento dos mouros das Alpujarras, onde há que enviar a toda pressa, umha tropa aguerrida.

Instalados em Granada os reis, em 1501 decidem rematar dumha vez por todas: conversom ou exílio, provocando umha segunda revolta, mais sanguinolenta. O seu epílogo dara-lhe a princípios do século XVII, quando Felipe III tome a decisom de expulsar em massa aos derradeiros descendentes dos muçulmanos em Hispânia.

O Novo Mundo

A conquista prologa históricamente a Reconquista. Acostumado o castelám em fazer fortuna saqueando aos infieis muçulmanos, que melhor que novas terras que conquerir, ilustra-o o poema do Cid: Los que fueron de pie, caballeros se hacen.

Assim é como graças à judaica empresa do descobrimento/saqueio de América ( financiado polo judeu Luis de Santangel e executada polo judeu Cristobo Colombo) pode-se continuar com esta criminal dinámica; é o berro de Pizarro que cita Unamuno: Por aqui vai-se a Perú a ser ricos; por aqui vai-se a Panamá a ser pobres; escolha todo bom castelám o que melhor estuvera-lhe. O “bom castelám” nom poderia duvidá-lo: sacaria a espada no canto de empurrar o arado.
Nos primeiros dias da colonizaçom europeia em México, criptojudeus conversos tanto de Castilla como de Portugal chegarom a porto mexicano de Veracruz e de aí à Ciudade de México (o revitalizado Tenochtitlán). Nas colónias espanholas existia um ambiente mais relaxado no concernente à Inquisiçom.

Muitos dos imigrantes de Portugal eram judeus que anteriormente tinham imigrado a Portugal por causa da expulsom judea de Castilla de 1492. Sem embargo, um decreto similar mais posterior em Portugal foi feito público em 1497, polo qual muitas crianças judeas forom ajeitadamente convertidos, tendo-os baixo a tutela do estado a menos que os pais também se convirtiram. Polo tanto, numerosos emigrantes criptojudeus nos primeiros dias da colonizaçom mexicana eram técnicamente portugueses de primeira a segunda geraçom com raízes castelãs. O número de tais emigrantes portugueses era suficientemente importante como para que a etiqueta de “Português” fosse sinónimo de “Judeu” em todas as colónias castelãs. A imigraçom a México ofereceu possibilidades comerciais lucrativas numha colónia já bem assentada com a cultura castelã nascente, contrapesada por umha povoaçom grande nom cristiã. Foi premeditada e planejada em grande parte que as actividades da Inquisiçom seriam mais relaxadas nas colónias, dado que os assentamentos humanos eram constituidos de maneira predominantemente por gente indígena nom cristiã.

Era tam grande o número de criptojudeus que chegavam a México durante o século XVI que funcionários castelans queixarom-se em documentos escritos enviados a Castilla, de que a sociedade castelã em México era em forma preponderante judea.

As primícias do século de Ouro

Secundados os soberanos polo apoio da Corte e dos mecenas-grandes senhores e prelados- conduze-se ao país a umha renovaçom em profundidade da vida cultural do país. Ao lado das facultades já antigas, como a de Salamanca, fundam-se outras animadas polo novo espírito, como a de Alcalá de Henares (da que sairám a maioria de conselheiros reais), criaçom do judaico arzebispo de Toledo, Cisneros. Este islamófobo chegou convidar a Erasmo, príncipe dos humanistas a colaborar na empresa, sendo rejeitada o convite devido a que segundo Erasmo esta terra estava cheinha de judeus.

Tampouco acarretava nada bom esta “culturizaçom”. Em 1492 aparece a gramática castelã de Nebrija: Arte de la lengua castellana. Ele mesmo aclarou o seu propósito ante a rainha Isabel: trata-se de fazer do castelám umha língua de cultura, como o latím, e umha língua de civilizaçom; é o que expóm à soberana ao apresentar-lhe a sua obra: umha naçom em expansom deve dispor dumha língua capaz de trasmitir ao mundo o seu ideal, a sua cultura, o seu estilo de vida; o latím contribuiu poderosamente a acrescentar o prestígio e a autoridade do império romano; de igual maneira, a Espanha nova necessita umha língua. Esta língua, será o castelám que, dende finais do século XV, tende-se a voltar espanhol, relegando a segundons as línguas como o galego e catalám. Como dizia Nebrija, a língua e a cultura seguem de perto ao poder: sempre a língua foi companheira do império.

Deixe-mos que volta a falar Américo Castro:

“Muitas ilustres famílias tinham-se ao longo da Idade Média com gente de raça judea, por mor do seu rango, a sua fortuna e a frequente beleza das suas mulheres. Antes do século XV ninguem se escandalizou por isso, deixando a um lado que a linguagem escrita nom soubera ainda expressar intimidades deesa índole. Mas na época na que estamos, já se escreve soltamente sobor o que acendia as paixons, é dizer, sobor o drama sem soluçom que desgarrava as duas raças inimigas, ou mais exactamente, duas castes de espanhois. Em poesias infamatórias como as Coplas do provincial e outras, alude-se à procedência judea de certas pessoas; a isso replicam alguns conversos, tam seguros da sua distinçom como da “plebeidade” dos seus impugnadores. Alguem remitiu a Dom Lope Barrientos, bispo de Cuenca e partidário dos conversos, um alegado contra um Pedro Sarmiento e um bacharelado Marcos García Mazarambrós
, incitadores dos saqueios e assassinatos toledans em 1449. Perante todo rejeita o autor o nome de conversos, «porque som filhos e netos de cristians, e nasceron na cristiandade, e nom sabem cousa algumha do judaísmo nem do rito dele». Os bons conversos nom devem pagar polos maus, como «nom matare-mos aos andaluzes, porque cada dia vam-se tornar mouros». Vem a continuaçom umha longa resenha de nomes ilustres aparentados com quenes tinham sido judeus, sem excluires a pessoas de sangue real: «Subindo mais alto, nom é necessário de recontar os filhos e netos e bisnetos de nobre cavaleiro e de grande autoridade, o almirante Dom Alonso Henríquez, que dumha parte descende do rei Dom Alonso [XI] e do Rei Dom Enrique [II] o Velho, e doutras partes vem desta linhagem». Engadi-mos que tendo casado Juan II de Aragoa, em segundas núpcias, com Dona Juana Henríquez, filha do almirante de Castilla, o seu filho Fernando o Católico, tivo ascendência judea por parte de nai.

Noutros dous bem conhecidos textos do século XVI mencionam-se às famílias com antecedentes judaicos. Um é o Livro verde de Aragoa, e outro El tizón da nobreza de Espanha, do cardeal Francisco Mendoza y Bobadilla, bispo de Burgos, onde demostra que nom só os seus parentes, os condes de Chinchón (acusados de pouco limpo sangue), tinham antergos hebreus, senom quase toda a aristocracia daquela época. Se a vida espanhola tivera sido desenrolado num ritmo de calma e harmonia, a mestura de cristians e hebreus nom tinha originado conflito algum, porque Espanha era dende o século VIII umha contextura de tres povos e de tres crenças. O hebreu tinha sido dignificado tanto como o cristiã, pese a todas as proibiçons, e os mesmos reis derom a alguns dos seus judeus o título de Dom, signo entom de alta hierarquia nobiliária. A mestura do sangue e o entrelaço das circunstâncias criarom formas internas de vida, e o judeu de qualidade sentiu-se nobre, às vezes pelejou na hoste real contra o mouro, e alçou templos como a sinagoga do Tránsito em Toledo, em cujos muros campeiam as armas de Gallaecia e Castilla. Lembre-mos que a maior preeminência que Rabí Arragel asignava aos judeus castelans (p. 476) era a do «linhagem», o ser mais nobres polo sangue que os judeus nom espanhois. O bispo de Burgos, Dom Pablo de Santa María ( que antes da sua conversom era Rabí Salomón Haleví), recompuxo um discurso sobor a Origem e nobreza da sua linhagem. O sentimento de fidalguia e distinçom nobiliária era comúm no século XV a cristians e judeus, e acompanhou a estes no seu desterro. Dize Max Grünbaum: «Quem assista ao ofício divino na espléndida sinagoga portuguesa de Amsterdam, nota a diferença entre os judeus germanos e os castelans. A solene e tranquila dignidade do culto, diferencia-o dele das sinagogas germano-holandesas. A mesma “grandeza” espanhola atopa-se nos livros hispânico-judeus impressos em Amsterdam». Ainda hoje persiste nos hebreus da diáspora hispânica esse sentimento de superioridade, o qual é inexplicável senom o referimos ao seu horizonte anterior a 1492 -a crença no senhorio da pessoa, alma da Castilla de antano. A través daquela forma íntima de existir segue o sefardi ligado vitalmente aos seus adversários e perseguidores de faze 450 anos.

Mas agora vai interessarmo-nos mais a influência inversa, a acçom que os judeus exercerom sobor os cristians. Já se tinha visto que sem aqueles nom era possível entender o nascimento da prosa douta no século XIII. A literatura dos séculos XIV e XV também deve à raça judea, entre muitas mais, as obras de Dom Sem Tob(ao parecer, tivo tambén algúm cargo no reinado de Alfonso XI), Dom Alonso de Cartagena (nomeado decano de Santiago e de Segovia, núncio apostólico, canónigo de Burgos em 1421, actuando esse ano como Embaixador em Portugal, sucessor ao bispo de Burgos, polo papa Eugenio IV), Juan de Mena (iniciado no séquito do judaico Torquemada,depois será secretário de Juan II, cargo que compatibilizou com o seu ofício de 24 (regidor) da cidade de Córdoba. Um ano mais tarde o monarca nomeou-lhe cronista oficial do reino), Rodrigo de Cota (que escreveu uns versos contra o converso Diego Arias de Ávila, contador maior dos Reis Católicos, por nom ter-lhe convidado à boda do seu filho. Estes versos som de grande interesse histórico pola descripçom dos costumes dos judeus espanhois da época) e Fernando de Rojas (autor da Celestina. A sua condiçom de converso influi no argumento da sua obra, que a dizer da maioria dos críticos é obra dalguém desta condiçom: dixo-se que a ausência de fé firme justificaria o pesimismo de La Celestina e a falta de esperança patente no seu dramático começo) : logo, Luis Vives (Queque “pijo” sorboneiro chanceler do sanguinário rei Enrique VIII de England, quem racha com a Igreja Católica), frade Luis de León (biógrafo da tola judea Santa Teresa de Jesus, a dos éxtases) e Mateo Alemán (Exerceu como recaudador do subsídio de Sevilla e ao seu arcebispado; em Madrid, nomerarom-lhe contador de resultas na Contadoria Maior de Contas. Desde 1573 residiu em Sevilla, onde tinha diversos negócios segundo os documentos; num vende umha escrava mourisca, noutro, merca umha capela para a confraria dos Nazarenos. Encarcerarom-lhe por dévedas em 1580 e passou no cárcere de Sevilla dous anos e médio, onde aproveitou para assimilar os costumes da vida criminal que logo aparecerám na sua famosa novela Guzmán de Alfarache. Ainda que fixo informaçom para viaxar às Indias, nom chegou a fazé-lo nesse momento. Em 1593 viaxou a Almadén como juiz visitador para inspeccionar as famosas minas de mercúrio arrendadas polo monarca aos banqueiros alemans Fugger ou Fúcares) mostrarám a cicatriz da sua ascendência israelita. Mas mais bem que sooor os feitos tam notórios, desejariamos chamar a atençom cara certos aspeitos do caracter hispânico que se manifestam com suma viveza dende finais do século XV. Nom se atopa nos cristians medievais a inquietude polo que despois chamaria-se «limpeza de sangue». De ter existido, nom teria sido possível a forte mestura malignamente denunciada por El tizón da nobreza, nem tiveram ocupado os judeus as situaçons eminentes no que os atopa-mos no mesmo momento da sua expulsom.

Quenes realmente sentiam o escrúpulo da limpieza de sangue eram os judeus. Graças às traducçons de A. A. Neuman conhecemos as opinions legais ( «responsa» ) dos tribunais rabínicos, o qual permite descobrir a sua antes velada intimidade. Aparece aí umha inquietude pontilhosa pola pureza familiar e o que dirám, polos «coidados da honra» tam característicos da literatura do século XVll. O judeu minoritário viveu à defesiva fronte ao cristiam dominador, que o incitava ou forçava a conversons nas que se desvanecia a personalidade da sua caste. De aí o seu exclusivismo religioso, que o cristiam nom sentía antes de finais do século XV, se bem mais tarde chegou-se a converter numha obsessom coleitiva. Tinhamos visto quam tolerante foi a justiça real com os judeus que blasfemavam da religiom cristiã, lenidade que sería ineficazmente candoroso atribuir à «corrupçom dos tempos» -nunca incorruptos-. Para o cristiam medieval nom foi problema de primeira magnitude manter incontaminadas a sua fe e a sua raça, senom vencer ao mouro e empregar ao judeu. Em todo caso, nom poderiamos atopar a finais do século XIII ou começos do XIV um documento cristiam concebido nestes termos:

Saibam quantos virom esta carta autorizada com a minha assinatura, que certas testemunhas comparecerom perante o meu mestre Rabí Isaac, presidente da audiência, e fizerom chegar a ele o testemunho fiel e legal de pessoas anciãs e veneráveis. Segundo estes, a família dos irmans David e Azriel é de limpa descendência, sem tacha familiar; David e Azriel som dignos de enlaçar matrimonialmente com as mais honradas famílias de Israel, dado que nom houvo na sua ascendência mestura de sangue impura nos costados paterno, materno ou colateral. Jacobo Issachar.”

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