terça-feira, 8 de abril de 2014

Gallaecia islámica, manipulaçons historiográficas

Denantes abordar o tema em questom, queremos deixar claro o nosso respeito polos islamistas que em nome do NS deixarom o seu sangue, falamos entre outros sem dúvida dos Divisionários SS Handschar.

Mas das mesma maneira que sabemos desfiar o positivo e negativo do cristianismo, o islamismo tampouco vai ser menosa desfiar.  Algum dos nossos no passado pensou que o islam era umha espécie de nacionalismo de certas naçons orientais e africanas, mas nada mais falso que isso.

Mahoma e os seus descendentes forom uns déspotas que chegarom até Gallaecia e que tiverom que morder o pó na nossa própria terra. Por onde passarom impugerom polas armas a língua árabe e a sua religiom. No norte de África, só em condiçons lamentábeis vive até os nossos dias a língua berber autóctona.

.Há que deixar bem claro que também o islam é umha religiom universal e nom étnica nem racial. Os muçulmanos nom som racistas nem racialistas. Nós mesmos poderiamos ter sido islamistas arianos se quixeramos, e teriamos sido bem recebidos no Islam.

Centos de naçons, línguas e culturas desapareceram fagocitadas pola língua e a cultura árabe dos invaosres, entre elas as línguas romances da metade Sul da Península. Por isto derradeiro, e mercé à reconquista, há influências na metade Sul de Hispânia falando o deturpado galego (hoje chamado Português), dialectos andaluzies e meridionais do castelám; e valenciano e balear do catalám. O islam apagou os dialectos latinos ou moçárabes do Sul. A reconquista restaurou na medida do possível as línguas trazidas dende o norte a expensas do árabe.



Hoje o árabe, meiante a religiom, deturpa a língua do Iram (Indo-Europeia) à que encheu de arabismos e impuxo o seu alfabeto. Cada dia, o muecím recita os versículos do Corám em árabe para o povo iraniano ouvir. Milhons de meninhos do mundo enteiro e de línguas tam diversas como as malaias e as da China Ocidental som indoctrinados no árabe coránico. No Irám nom se estuda a Omar Khayyan, por heterodoxo e bebedor de vinho, e a história deles começa com a islamizaçom e ignora a grande Pérsia. Os tuarejhs islamizados estám a ser sometidos a umha arabizaçom originada nos petrodolares wahabies procedentes da Arábia Saudita. O Islam dize reconhecer a existência de todas as línguas e naçons do mundo (como se reconhecer significara defender), mas só a língua árabe é para eles a língua de Deus. Os bereberes de Kabilya algerina decapitados por falarem a sua língua e serem mahometanos tépedos som a imagem do martírio das naçons a mãos do islamismo.

Já entrados na matéria do que é para nós o Islamismo, começaremos a desfiar a desfeita que como galaicos nos atanhe resolver.

Cláudio Sánchez-Albornoz e o Mito da “Reconquista Española”:
 Como um nacionalista espanhol construiu umha história para justificar a sua novelesca “nación española eterna”

 Já escuitárom vocés muitas vezes a história oficial dos centralistas: “El Rey Pelayo de Asturias, padre de la patria y gran héroe de la única e indivisible nación española de estirpe visigoda y romana, se levantó contra los moros para devolverle a los españoles, por Dios y por España, el país que había caído en manos de los invasores”.

 Esta história fantasiosa dos nacionalistas espanhois, ao estilo do “Senhor dos Aneis”, é actualmente de fabricaçom muito recente e nasceu apenas no século XX a partir da publicaçom da tese do historiador Cláudio Sánchez-Albornoz “La Monarquía en Asturias, León y Castilla durante los siglos VIII al XIII”.

Antes desta tese do historiador, nom existia nengumha história oficial do Estado Espanhol. Sánchez-Albornoz desejava que o seu Estado tivesse umha romântica história nacional, e começou a construir o novelesco mito da “Reconquista Española” como origem fundacional da sua fantasiosa proto-naçom espanhola.

A tese sostinha que a corajosa “nación española” resistira heróicamente a invasom islámica dende as Austúrias (nom desde a actual Gallaecia galego-falante nem dende a Baskonia bascofalante) e que na sua missom histórica desejavam unificar toda a “España” num só reino: Asturias = León = Castilla = España.

 A novela converteu-se na bíblia ideológica do sistema educativo franquista. Os doutrinadores mapas da “Reconquista” pintados por Sánchez-Albornoz, onde toda a Península é árabe com a excepçom da província das Austúrias, som os mesmos que aparecem ainda hoje na maioria dos temários e livros de texto do sistema educativo espanhol.

 O nacionalismo espanhol já tinha o seu dogma, o Mito da “Reconquista Española”, para justificar a sua pretendida “nación española eterna”. Cláudio Sánchez-Albornoz foi galardoado com a Gran Cruz de Carlos III de serviço á “nación española”. Também foi declarado “Hijo adoptivo” polas instituçons provinciais de Astúrias e de León, e recebeu o Premio Príncipe de Asturias de Comunicación y Humanidades.

 Rigorosidade científica da história nacional da Gallaecia contra as Mentiras da história centralista

 Logo da fim da ditadura franquista os historiadores sérios começarom a criticar as contradiçons, distorçons e manipulaçons históricas do mito nacional espanhol construido por Sánchez-Albornoz.

 Na nossa naçom a historiografia galaica leva já anos a denunciar as manipulaçons históricas da historiografia espanhola, mas os nacionalistas espanhois semelham ter muita dificultade em comprender a diferença entre novelas e feitos históricamente contrastáveis. Nom é previsível que estes renúnciem á sua mitologia nacional, e eles som livres de crer em fadas e cavaleiros andantes, mas aos olhos da ciência historiográfica séria e europeia, estes som os feitos históricos reais, contrastáveis e documentados:

A Dinastia Real Visigótica e as suas possessons: “Spaniae, Galliae vel Galliciae” 


A historiografia nacionalista espanhola fala dos germanos visigodos como se eles fossem patriotas espanhois que tinham um conceito nacional para a península celtibérica e “amaban a España”. Nom é certo. O reino dos germanos visigodos tinha o seu centro e capital na cidade de Toulouse, na Gallia, e a Hispânia era apenas um território de rapina. Os visigodos só ficárom a governar na Hispânia depois de ser expulsos militarmente da Gallia polos exércitos francos do Rei Clovis. Ao nom ter outro território melhor no que viver, os visigodos nom tiveram outro remedio que fazer capital longe dos francos, na cidade hispânica de Toledo.

As luitas internas no Reino da Gallaecia de 584-585 permitirom ao rei visigodo Leovigildo aproveitar a ocasom para usurpar a coroa galaica. A historiografia nacionalista espanhola conta que a Gallaecia foi integrada dentro da Hispánia, mas a verdade histórica é que os reinos da Gallaecia e da Hispânia jamais fórom unificados baixo umha única administraçom estatal visigoda. A verdade histórica é que havia dous reinos diferentes, o Reino da Gallaecia e o Reino da Hispânia, que partilhavam umha mesma dinastia monárquica. Institucionalmente, o Reino da Gallaecia e o Reino da Hispânia eram dous reinos diferenciados. A verdade histórica está escrita nos documentos da época: “Leovigildus Rex Gallaecia, Hispania et Gallia Narbonensis”, e os concílios celebrados na capital visigoda de Toledo, que falam das “In provinciam Galliae vel Galliciae atque in omnes provincias Hispaniae” e das Igrejas “Spaniae, Galliae vel Galliciae”, ou a carta do Papa Hadriano em resposta ao concílio de Frankfurt, dirigida às igrejas de “Hispania et Gallaecia”. A historiografia espanhola oficial agocha e nom quere contar que no século VI os termos Gallaecia e Hispania faziam referência a dous reinos diferentes. Ainda se partilhavam umha mesma dinastia monárquica, o Reino da Hispânia nom era o Reino da Gallaecia e o Reino da Gallaecia nom era o Reino da Hispânia.



No século VIII a Corte do Galliciense Regnum, que estivera na cidade de Braga durante a dinastia sueva, foi levada á cidade de Tui. Durante este periodo governava no Reino da Gallaecia um rei da dinastia visigoda, o rei Witiza, no entanto um outro rei visigodo Egica governava no Reino da Hispânia. A historiografia espanhola agocha e nom quere contar que no século VIII o Reino da Gallaecia era governado desde a corte real de Tui, no entanto o reino de Hispânia era governado desde a cidade de Toledo.

O Reino da Gallaecia resiste o ataque islámico
O Reino da Hispânia e Gallia Narbonensis som conquistados polos islamistas

No ano 711 os muçulmanos da tribo Umayyad invadem e conquistam rápidamente e sem resistência o território visigodo da Hispânia e Gallia Narbonensis, mas som freados polos galaicos à altura do rio Minho quando tentam invadir o território da Gallaecia, e também som freados polos francos á altura da cidade de Poitiers quando tentam invadir toda a Europa continental.


A historiografia de Sánchez-Albornoz conta que todo o território peninsular foi conquistado polos “árabes” com a excepçom única da província das Astúrias (entre a Galiza moderna e Euskadi) onde um grupo de herois “españoles” mantinham viva a resistência.

Mas a verdade histórica, documentada, científica e séria é outra.

Sem achar resistência no seu passo pola Hispânia, no ano 714 os muçulmanos chegam ás fronteiras meridionais do Reino da Gallaecia. Por razons de seguridade, e segundo relatam documentos da Igreja Galaica da época, a sé de Dume é evacuada e levada á sé de Britónia na Gallaecia Lucense, longe da fronteira de guerra com os islámicos. Os documentos da Igreja Galaica também demonstram que a sé de Iria (predecessora histórica de Santiago de Compostela) jamais sofreu nengumha interrupçom a pesares da ameaça islámica nas fronteiras meridionais da Gallaecia. Noutras palavras: está documentado pola Igreja Galaica da época que os muçulmanos jamais chegárom a conquistar os territórios da Gallaecia Lucense entre as sés de Iria (Santiago) e Britónia. Isto também está confirmado polos próprios muçulmanos: textos árabes da época celebram a excepcional e fugaz expediçom do general andalús Al-Mansur à cidade de Santiago no ano 997 dizendo que esse militar “chegou até onde nenhum outro muçulmano jamais chegara”.

Com os documentos históricos conservados polas autoridades eclesiásticas galaicas e os historiadores muçulmanos é factualmente indiscutível que:

- a Gallaecia Lucense nunca foi ocupada polos islámicos. Nunca houvo muçulmanos comendo kebabs em Ortigueira nem islámicos pregando em mesquitas na Costa da Morte.

- a Gallaecia Bracarense converteu-se em fronteira de batalha entre galaicos e muçulmanos e foi parcialmente dominada militarmente polos islámicos durante quase um século.

- a Gallaecia Austuriense converteu-se em fronteira de batalha entre galaicos e muçulmanos e foi ocupada polos islámicos durante duas décadas. As cidades de O Viedo e Xixón caírom em poder muçulmano no ano 714 durante a campanha militar do general Tariq. A cidade de Xixón foi até o ano 722 a capital da Austúrias muçulmana, governada por um prefeito árabe chamado Munuza. A sé administrativa islámica de Xixón foi o assentamento muçulmano mais importante de toda a Gallaecia ocupada. Na Gallaecia bracarense os islámicos nom criaram um assentamento tam importante e estável como o de Xixón na Gallaecia austuriense.

Sánchez-Albornoz também podia ter lembrado que há apenas tres séculos durante as guerras europeias da dinastia hispânica dos Austrias, as tropas hispânicas deviam ajeolhar-se durante as missas militares, mas as tropas galaicas ficavam em pé com o seu estandarte do Santo Graal porque foram o único reino da península que nom se rendera aos exércitos islámicos.

Mas contradizendo toda a evidência documental das fontes históricas galaicas e islámicas da época, a historiografia inventada por Sánchez-Albornoz difundiu no sistema educativo do Estado espanhol o infame mapa oficial da “Reconquista Española” onde a Gallaecia Lucense aparece toda ocupada polos islámicos mas o território da actual provincia das Astúrias aparece libre da ocupaçom islámica.

Era Sánchez-Albornoz um total incompetente? Nom, el era primeiro um nacionalista espanhol, e depois historiador. O nacionalismo espanhol, “la nación española”, tinha que estar fundada por patriotas espanhois. Por essa razom a sua novela histórica-nacionalista de “La Reconquista Española” nom podia começar no actual território da Galiza galego-falante ou do Euskadi vasco-falante. A soluçom foi simples: o cenário da nova “historieta española” situaria-se nas províncias castelám-falantes das Astúrias e Cantábria, e o heroe da novela seria um grande rei e “patriota español”, descendente dos nobres visigodos (jamais suevos) que tinham a sua capital em Toledo, perto de Madrid: “El Rey Pelayo, fundador de la nación española”.


Existiu um “Rey Pelayo”? Quem era essa personagem? 

Pelaio foi umha personagem real e existiu. Segundo a Crónica Albeldense escrita no século IX (também confirmada pola Crónica de Tui, a Crónica de Lucas, a Crónica de Rodrigo de Toledo e a Crónica de Sebastián Salmaticense): Uittizza rg. ab. X. Iste in uita patris in Tudense hurbe Gallicie resedit. Ibique Fafilanem ducem Pelagii patrem, quem Egica rex illuc direxerat, quadam occasione uxoris fuste in capite percussit, unde post ad mortem peruenit"

O rei Witiza converteu Tui em capital da Gallaecia. Na corte moravam o duque Fabila, a sua mulher e o seu filho Pelaio. O rei Witiza assassinou ao duque Fabila para se apropriar da sua mulher, e Pelaio fugiu a Britonia para escapar de Witiza. Passados vários anos, Pelaio converteu-se num chefe militar que abortou no ano 722 um ataque islámico no passo de Cova d’Onga da Gallaecia austuriense. O único filho de Pelaio foi chamado Fabila, em memória do seu pai suevo-galaico de Tui. Estes som os feitos históricos contrastados polas fontes cristás da época.

As fontes muçulmanas da época confirmam o que contam as fontes cristás. O historiador Hhaya en Ahmed conta que “em tempos de Ambesa ben Sohhim apareceu na Gallaecia o guerreiro Pelaio”. O historiador Ahmed Mokri conta que “o primeiro que unificou aos cristãos foi Pelaio do povo da Gallaecia”. O historiador Al-Maqqari conta que “Un bárbaro da Gallaecia chamado Pelaio começou a animar aos seus compatriotas para expulsar aos muçulmanos do seu país”. O historiador Ajbar Machmua conta que “os galaicos, aproveitando a guerra civil entre os muçulmanos do século VIII, levantárom-se contra o Islám e conquistárom todo o distrito das Austúrias”.

Na historiografia de Sánchez-Alborznoz no século XX, Pelaio foi un grande rei, heroe e “patriota español”, descendente dos nobres visigodos que tinham a sua capital em Toledo: “El Rey Pelayo, fundador de la nación española”.

Contradizendo todas as fontes históricas galaicas e islámicas da época, a historiografia de Sánchez-Albornoz agocha que Pelaio era de Tui, capital do Reino da Gallaecia com o rei Witiza, e agocha que todos os historiadores extrangeiros da época confirmam sempre a galaicidade do guerreiro Pelaio. Sánchez-Albornoz agocha também que o território asturiense ou oriental era a parte leste do Galliciense Regnum durante as dinastias sueva e visigoda.

Era Sánchez-Albornoz por essa razom na sua novela histórica-nacionalista de “La Reconquista Española” nom podia ter como protagonista a um heroi galaico originário do actual território da Galiza galego-falante. A soluçom foi simples: o heroi da novela seria um grande rei e “patriota español”, descendente dos nobres hispano-visigodos (jamais galaico-suevos) de Toledo, deslocados á província castelám-falante das Astúrias.

Existiu um “Reino de Astúrias” motor da reconquista hispânica? …ou existiu um mosaico de principados galaicos entre os que estavam alguns principados galaico-austurienses?
 

Albornoz construiu a sua historieta a partires de tres falsedades históricas:
1) Provincia española de Oviedo non ocupada polos islámicos, mas a Galiza galego-falante sí.
2) Pelaio, rei de origem hispano-visigoda da regiom asturiana, um heroi e patriota espanhol.
3) Um Reino de Astúrias produto dumha mera deslocalizaçom da capital de Toledo ao norte. Com a “reconquista”, os asturianos como bons espanhois patriotas e submisos devolvérom a capital a Leom e depois a Castela.

Mas a verdade histórica é que no tempo de vida de Pelaio nunca existiu nenhum reino das Astúrias. Quando a rede dinástica visigoda desapareceu, trás a derrota contra os islamistas, deixou de existir umha dinastia monárquica forte e capaz de manter a Gallaecia unificada. A dinastia real sueva fora capaz de manter unificados os principados comarcais celto-galaicos. Quando deixou de existir umha dinastia monárquica forte, a Gallaecia voltou organizar-se em principados comarcais de carácter céltico, igual que estava a passar na Irlanda e Bretanha nesse mesmo periodo histórico.

No século VIII nom existia um reino da Irlanda unificado, nem um reino da Bretanha unificado, nem um reino da Gallaecia unificado. Existiam vários principados comarcais celto-irlandeses, vários principados comarcais bretóns e vários principados comarcais galaicos. Esses príncipes comarcais muito raramente se autodenominavam “rei de Bergantinhos”, “rei de Lugo”, “rei de Austúrias”, etc. Seguindo a tradiçom da soberania celta, autodenominavam-se “filho de”, de acordo com a sua genealogia. Príncipes comarcais como Pelaio, Favila, Afonso, Froila, Aurelio, Silo ou Mauregato eram todos príncipes galaicos que governavam sobor algumhas comarcas particulares da Gallaecia. Esta é a simples razom pola qual em toda Europa e na Al-Andalus todos esses príncipes eram chamados galaicos. Simplesmente, porque eram de étnia galaica.

No ano 732 o Islam recuava na Gallaecia mas na Gallia a ocupaçom islamista chegava perto do rio Loire. Umha aliança de exércitos Francos e Burgundios atopavam e derrotavam aos muçulmanos na Batalla de Tours. Os francos começam umha guerra contra os islámicos e conquistam Narbonne em 759 e Barcelona em 801, fundando a Marca Hispánica que hoje chama-se “Catalunya”. O historiador muçulmano Abdal-Monin Al Hinyari compara a francos e galaicos e escreve: “Entre as naçons com as que Al-Andalus estava em hostilidades, a Gallaecia era a mais poderosa; a pesares de que os francos estám em guerra com os muçulmanos, os galaicos som os mais terrríveis inimigos”. Mesmo sem estar unificados militarmente os principados galaicos eram considerados mais perigosos que um poderoso reino franco unificado. Para comprender a cultura guerreira dos galaicos leiam a Estrabom e lembrem também que a Gallaecia foi um dos derradeiros territórios da Europa em ser conquistados polo império romano, após umha longa guerra que durou 200 anos! 

Por vários anos a Gallaecia ficara sem umha dinastia real para re-unificar e governar os territórios livres do Galliciense Regnum. O príncipe-rei Afonso II começou a trabalhar no projecto de recriar umha terceira dinastia real forte e capaz de re-unificar toda a Gallaecia num só reino, igual que fixeram antes as dinastias sueva e visigoda da Gallaecia. A corte desta III Dinastia Real da Gallaecia foi primeiro itinerante polo norte da Gallaecia lucense e no ano 792 foi fixada no centro-norte da Gallaecia austuriense. Como parte da estratégia de fundaçom da III Dinastia, o novo rei dos galaicos começou umha laboura de propaganda política e autoprestígio. O rei Afonso II utilizou umha pretendida conexom genealógica com a anterior II dinastia visigoda para justificar o seu projecto unificador e demandar aos outros príncipes galaicos que aceitaram a sua autoridade. Algúns principados galaicos aceitaron a nova monarquia e outros nom. Assím começou um periodo de frequentes luitas pola unificaçom ou consolidaçom da autoridade real entre a nova monarquia e outros principados rebeldes, por exemplo as guerras entre o rei unificador Afonso III e o príncipe rebelde Froila, chefe dum território do noroeste da Gallaecia lucense.

Todos os reis unificadores da III Dinastia da Gallaecia, todos sem excepçom, levam naturalmente o título de reis galaicos quando aparecem em crónicas muçulmanas. Mesma cousa aparece nas crónicas europeias daquela época. O rei Afonso II (813-842), educado no Mosteiro de Samos, Gallaecia Lucense, e reconversor do Santuário de Prisciliano, é “Príncipe das Gallaecias” na Vita Hludovici” e “Totius Galletiae Rex” nas Crónicas Carolingias, Annales Regni Francorum, e Vita Karoli Magni. O rei Afonso III (866-910) é “Adefonso Regi Gallaeciarum” nas cartas do Papa Joam IX. Os cronistas anglo-normandos entre os séculos IX-XII falam dos reis da Gallaecia: “Aldefonso Gallicae Regi”, “Amfurcio Regi Galliciae”… Nom devemos também esquecer os nossos próprios textos administrativos, religiosos e da diplomácia galaica da época, como o diploma do rei Afonso III de 905 onde fala da cidade de León como “Civitate vocatur Legione, in Gallaecia”. O rei Afonso III (866-910) fixou primeiro a sua capital en O Viedo e depois en Santiago, cidade na que foi declarado Rei da Gallaecia. O rei Ramiro I (842-850) fixou a capital do reino primeiro em Lugo e depois em O Viedo, onde construiu importantes paços. Todos governavam sempre dentro do território histórico do Galliciense Regnum.

Segundo as fábulas do Sánchez-Albornoz, se esse reino hispánico nom-galaico das astúrias existisse, os historiadores das naçons europeias e árabes deveriam falar dele. O problema é que todo o mundo medieval falava só da existéncia de dous reinos dentro da península celtibérica: a Gallaecia (territórios da Gallaecia céltica histórica) e Al-Andalus ou Hispânia.

Os papeis estám aí: os galaicos, os francos, os anglo-normandos, os papas da Igreja de Roma, e o resto de reis doutros territórios da Península falam bem claro do território do Reino da Gallaecia e dos reis da Gallaecia. Nenhuma crónica politíca europeia ou galaica fala de nenhum reino de Astúrias, todos falam de reis da Gallaecia. Quando algum documento especifica que esse reino galaico tinha a sua corte nas Austúrias, é igual que qualquer outro documento que fale do “reino de Toledo”, sabendo que jamais existiu um Reino de Toledo mas um reino da Hispânia com corte em Toledo. Albornoz agocha isto, porque ele o que necessita é que a parte austuriana seja “España centralista”. Ele necessitava construir umha historieta baseada em “patriotas españoles que desde el reino de Asturias querían reconquistar España”… Mas a realidade é que nem existia um “reino hispânico” do leste (das Austúrias), nem os reis que fixárom corte na Gallaecia austuriense nom estavam a pensar em nengumha ideia de conquista de territórios nem em nenhuma melodramática naçom “española”.

Albornoz explorou conscientemente o tópico da suposta superioridade castelá contra a inferioridade galaica: “El reino de Asturias reconquistó al reino de Galicia”. Isto é dobremente falso e manipulador. Primeiro: a actual Galiza nom fora jamais conquistada polos islámicos, polo qual nom pode ser re-conquistada polos cristiáns. A que si foi conquistada polos islámicos foi a actual Astúrias, que mesmo tinha umha sé de governaçom islámica em Xixón. Foi a actual Astúrias a que foi “reconquistada” desde a actual Galiza. Segundo: nenhum reino asturiano podia conquistar nenhum reino da Galiza porque nem existia um reino asturiano nem tampouco existia um “reino da Galiza” unificado sob um só rei. O históricamente correcto é dizer que numha comarca do norte da Gallaecia lucense começou um projecto de monarquía unificadora da Gallaecia que logo estabeleceu a sua corte durante vários anos na parte centro-norte da Gallaecia austuriense. Mas Albornoz nom estava interessado no históricamente correcto porque ele era primeiro um nacionalista espanhol cumha missom.


 Os galaicos do oeste desconfiam dos galaicos do leste
O fracaso dumha nova dinastia, a fragmentaçom da Gallaecia, e a manipulaçom da história dos centralistas.
As tentativas de re-unificar toda a Gallaecia durante a III Dinastia continuárom até o século X mas numca chegárom a ter a grande coesom da I Dinastia da Casa Real Sueva. Sem umha dinastia real forte, a Gallaecia remaotou fragmentada em dous blocos de poder, o occidental (gallaecias lucense e bracarense) e o do leste (gallaecia austuriense), que fórom convertidos em dous reinos diferentes. O reino ocidental guardou o nome da Gallaecia ou Galiza e o reino do leste tomou o nome de “León” porque lá estava a sua capital. Mas a pesares da separaçom os dous reinos seguiam a partilhar umha mesma dinastia monárquica galaica de reis que nasciam no oeste e governavam no leste ou que nasciam no leste para governar no oeste: Rei Ordonho II (910-925), governa primeiro como Rei da Galiza (910) com capital em Santiago, e depois em Leom desde 916. O rei Afonso IV (924-930) governa primeiro em León (924) e depois na Galiza (929), etc, etc, etc.

 Provávelmente, ao final as gallaecias ocidentais e oriental rematarom por separar em dous reinos porque os galaicos do atlântico (Gallaecias lucense e bracarense) levavam muito tempo sem confiar completamente na lealdade política dos galaicos do leste (Gallaecia austuriense). Esta é a razom pola qual a III Dinastia, que escoulheu ter corte na Gallaecia austuriense, nom foi tam sólida como a Dinastia sueva. Parece claro que a origem dos problemas entre galaicos ocidentais e orientais era a desconfiança. Um exemplo é os problemas dinásticos dos anos 955-982, quando por primeira vez a Gallaecia ocidental (Reino da Galiza) nom aceitou como próprios aos monarcas da Gallaecia oriental (Reino de León). Por que? porque o rei de León Sancho I (955-956) aliou-se com os reis da Navarra, condes de Castela, e mesmo com os islámicos de Abd-el-Rahman III para atacar ao Reino da Galiza. Logo o estúpido rei Ordonho IV (956-960) de León cometeu o erro de conceder a independência do pequeno condado de Castela. Tampouco o galaico oriental Ramiro III (960-984) foi aceitado como rei próprio na Gallaecia ocidental. A situaçom só se amanhou com Vermudo II (982-999), rei da Galiza primeiro (982) e depois de León (984), mas os galaicos do leste já demonstraram outras vezes no passado (e depois também no futuro) que eles tém umha tendéncia se centralizar com Castilla e a meseta. Um exemplo actual som as actitudes anti-galaicas do regionalismo asturiano, que cópia a mesma xenofóbia anti-galaica dos nacionalistas espanhois históricos. Provávelmente esta fosse a razom de fundo da separaçom das gallaecias ocidentais e a gallaecia do leste: os galaicos do atlântico nom confiárom no projecto político da dinastia austuriense ao considerar que as gentes do leste perderam muita da sua essencia galaica.

Noutras palavras: o projecto de restauraçom unificadora dumha III Dinastia promovido por vários príncipes da Gallaecia austuriense rematou fracasando porque os principados galaicos celto-atlânticos desejavam ser governados por umha dinastia real celto-atlântica e nom celtibera.

Sánchez-Albornoz era consciente disto. Como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, manipulou as fontes históricas exagerando a espanholidade dos príncipes austúricos e convertendo aos povo galaico-austuriense no orgulhoso protagonista da famosa frase do nacionalismo espanhol: “Asturias es España y el resto es tierra conquistada”.